terça-feira, 25 de março de 2008

Portal

Corria o ano de 2005, quando a Valve Software conheceu um projecto universitário, de seu nome Narbacular Drop, que incitava os jogadores a ultrapassar vários enigmas, utilizando uma técnica de portais. Ao deparar-se (e babar-se) com tal conceito, Gabe Newell, o presidente da Valve, integrou os estudantes na sua equipa para que estes, com a ajuda das ferramentas necessárias, pudessem desenvolver o jogo. E foi assim que nasceu Portal.

Estou aqui, estou ali, estou em cima, estou em baixo, estou no início da sala, estou no fim da sala, estou perto disto, estou longe daquilo… É esta a mecânica de Portal, um dos jogos que integram a Orange Box. Ao longo de todo a aventura, apenas temos direito a uma arma que nos permite criar portais, que nos vão ajudar a ultrapassar os 19 níveis existentes no jogo. Um conceito simples, mas bastante inovador que vem refrescar o género dos First Person Shooters, que já andava a precisar de uma lavagem desde há algum tempo atrás.

Pelos vídeos disponibilizados pela Valve, Portal começou a criar grandes expectativas em volta de toda a imprensa e comunidade jogadora. O facto de podermos “dominar” o Espaço, começou desde cedo a suscitar as ideias mais imaginativas em torno dos jogadores. Havia até quem já imaginasse implementar esta mecânica na série Half-life, o que até é bem provável no futuro.

Aperture Science

Toda a acção de Portal se passa nos laboratórios da Aperture Science e o jogador vai percorrer a aventura na pele de Chell, uma cobaia que vai ser alvo das variadas experiências propostas por GLaDOS (Genetic Lifeform and Disk Operating System), inteligência artificial que nos vai dando instruções ao longo da aventura ao mesmo tempo que nos desmotiva. E o único incentivo que temos é o prémio final: bolo de chocolate.

Quanto a Chell, a personagem que controlamos, podemos vê-la ao longo do jogo (ao contrário de Gordon Freeman em Half-life), dependendo do sítio onde dispomos os portais. Não possuímos barras de energia, mas podemos morrer nalgumas situações: se formos expostos durante algum tempo a tiros ou se nos afogarmos em ácido, por exemplo. Mas não se preocupem com as quedas, disfrutem à vontade da Física, pois não morrem ao caírem de sítios elevados. No seu todo, Chell pareceu-me uma personagem interessante e algo me diz que esta, no futuro, ainda vai ter um importante papel a desempenhar na série Half-life (Episode 3, quem sabe?).

Os primeiros níveis de Portal são bastante simples, servindo como uma espécie de tutorial para o resto da aventura. Os enigmas, na maior parte das vezes, não exigem grande esforço e pensamento, bastando explorar atentamente os cenários para chegar à solução do problema. Normalmente, estes puzzles consistem em activar plataformas, pressionar botões com a ajuda de caixotes que transportamos, conduzir bolas de energia para activar portas e tarefas desse género.

Se há um aspecto em que Portal abusa (e ainda bem) é na Física. Os portais permitem-nos brincar com a Física de inúmeras maneiras e, ao contrário do que possam pensar, de forma bastante real. Por exemplo, imaginem que abrem um portal na parede à vossa frente e outro no chão ao lado de vossa casa. Atiram-se de cima do telhado de vossa casa para o portal que se encontra no chão e serão projectados pela parede à mesma velocidade que tinham ao cair do telhado. Brilhante.

O que referi no parágrafo anterior foi apenas um exemplo para demonstrar a Física de Portal, pois como podem calcular, não existem casas ao longo do jogo. Em Portal, a maior parte dos cenários são brancos, com aspecto frio e inóspito, desprovidos de qualquer tipo de vida. Ou seja, típicos de laboratórios que apenas têm um propósito científico. Apesar disso, os vários níveis contêm alguns elementos necessários para progredir na aventura, como maquinaria, caixotes e bolas de energia ou alguns inimigos, como é o caso dos engraçados turrets, robôs que disparam na nossa direcção ao sentirem a nossa presença.

No que toca aos aspectos técnicos, os cenários encontram-se bem retratados, mas o motor Source está a precisar de umas férias (basta comparar o grafismo deste Portal com qualquer jogo actual). Já na componente sonora, Portal não é brilhante, mas cumpre. Temos a deliciosa voz de GLaDOS (e nalguns níveis dos turrets) a dominar o ambiente, juntamente com os bem produzidos efeitos sonoros.

This was a triumph…

Portal é uma excelente experiência, uma pérola no mundo dos videojogos que por si só já torna obrigatória uma vista de olhos na Orange Box. Pena que seja extremamente curto, bastando 2 ou 3 horas para completar a aventura, mas isso não invalida a sua qualidade e o grande tributo que lhe deve ser prestado. Só me resta aplaudir a Valve por mais um memorável jogo, que devido à sua originalidade, é capaz de ter feito a indústria avançar mais um passo rumo à evolução dos videojogos.


Pontos fortes: Uma excelente experiência que beneficia de uma espantosa mecânica de jogo, que nos diverte de início ao fim. Personagem GLaDOS.

Pontos fracos: Longevidade, gráficos datados. Quando se acaba, parece que sabe a pouco.


Nota Final: 17/20

Problema com as Mini-Críticas

Devido a problemas de tempo e disponibilidade, lamento informar que as mini-críticas já não têm periodicidade quinzenal, como certamente já devem ter reparado. Nestes termos, a partir de agora, as mini-críticas não terão qualquer tipo de periodicidade, continuando a ser produzidas de tempos a tempos.

Mais uma vez, peço desculpa e obrigado pela compreensão.

Abraço